Flávio

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Aonde vamos parar?

15/03/2010 16:21

Todas as circunstâncias levavam a crer que o clássico entre Santos e Palmeiras seria uma partida tranquila para o time da Vila Belmiro. Time com o melhor futebol apresentado neste começo de ano, o Peixe vinha embalado por conta da goleada estratosférica por 10 a 0 sobre o Naviraiense. Já o Palmeiras amargava a irregularidade neste começo de ano, aliado a doses de sorte, como na vitória diante do São Paulo.

Porém, o que se viu foi a melhor partida no ano de 2010. Muitos dribles, belos lançamentos e muita emoção. Um 4 a 3 para encher os olhos de quem viu a partida e esquentar de vez a briga pelas quatro vagas para as semifinais do Paulistão.

Todavia, este post não é sobre a partida em si, e sim sobre algo que cerne e faz parte do futebol e, principalmente, dos clássicos: a provocação. É de conhecimento geral que o time do Santos adotou uma prática diferente (e muito comum, por sinal) na hora de comemorar seus gols. Dancinhas, encenações, como queiram definir: os momentos logo após os tentos santistas são motivo de discussão. Até que ponto eles são válidos apenas como comemorações e em quais ocasiões se tornam motivo de provocação.

Neste caso, digo que as comemorações dos jogadores do Santos são válidas sim, como parte do espetáculo. Quem não gosta de ver a felicidade dos jogadores? Quem não repercute as dancinhas como algo engraçado, que traz alegria aos torcedores? Essas comemorações são apenas reflexo do futebol moleque e irreverente que o Santos resgatou neste ano e que não se via desde 2002, com a geração de Robinho e Diego.

Porém, no clássico de ontem, os jogadores palmeirenses também fizeram dancinhas após seus gols. E isso também é válido! Como dito anteriormente, faz parte do futebol, do clássico, da emoção da partida. É gostoso de ver isso. As provocações apimentam mais os jogos e até fazem os jogadores se doarem mais em campo para respondê-las na bola. Portanto, só quem ganha com isso são os torcedores, que acabam por assistir um espetáculo irreverente e não burocrático, como o futebol brasileiro sempre foi.

O problema é como as comemorações santistas repercutem fora de campo. Parece que existe um movimento contra o futebol moleque do Santos. Após a vitória do Palmeiras ontem, muitos torcedores, mesmo sem ser palmeirenses, desferiram frases em favor do resultado negativo do Peixe. Ouvi e li absurdos como “É bom mesmo, pra esses moleques aprenderem” e “Se quiser dançar, vai pra balada”. É inadmissível esse tipo de comportamento, inclusive vindo de torcedores brasileiros.

Então quer dizer que agora não se pode mais jogar com irreverência? Vamos então agora praticar o futebol burocrático, sem graça e frio? Não importa mais a cultura brasileira da ginga, o que importa é a truculência e o jogo feio? Uma vergonha ouvir de pseudo-torcedores frases como estas. Se não fosse a nossa irreverência e nosso futebol moleque, não teríamos todo o reconhecimento que conquistamos pelo mundo afora. Se não fosse o jeito brasileiro de jogar futebol, não teríamos revelado para a história todos os craques que imortalizaram o Brasil. Pelé, com 17 anos, deu um chapéu em uma final de Copa do Mundo. Nessa hora, ninguém é de criticar.

Fica o recado para essas pessoas. Pensem muito bem antes de soltar injúrias sem tamanho como estas. Pois, senão, perderemos muito mais do que o futebol moleque e irreverente. Perderemos também o orgulho de dizer: sou brasileiro, esse é o meu jeito de jogar futebol. Este é um post de indignação contra as asneiras que energúmenos acabam profanando em virtude de paixões desmedidas. Se gabam de uma pseudo-demagogia pós-vitória e vomitam "argumentos" respaldados em opiniões errôneas e sem fundamentos. É desse tipo de gente que o futebol brasileiro não precisa.

Allez, les Bleus!

04/01/2010 15:40

Ano novo, vida nova no Na Trave. Um feliz 2010 a todos os leitores. Começamos o ano com um assunto de extrema importância: Copa do Mundo da África do Sul. Faremos uma série de análises sobre as seleções favoritas ao título. Para iniciar, os carrascos do Brasil em 2006: a França. Uma análise sobre o time, o treinador e o principal jogador.

Aposta na renovação

Do vice-campeonato mundial na Copa de 2006 até agora, a França não demonstrou a força que exibiu ao mundo com as gerações de Michel Platini e Zinedine Zidane. A precoce eliminação na primeira fase da Euro-2008 e uma campanha irregular nas Eliminatórias Europeias levavam a crer que Les Bleus não conseguiriam a vaga para o Mundial da África do Sul.

Com um time que não empolgava, a pressão sobre Raymond Domenech aumentava a cada apresentação ruim de sua seleção. Aos trancos e barrancos, a França chegou à repescagem europeia. E a vaga na Copa da África não poderia ter vindo de pior forma: em um lance muito criticado e discutido até hoje, Thierry Henry ajeitou a bola com a mão dentro da área da Irlanda e construiu a jogada que resultou no gol do zagueiro Gallas, que classificou a França para a Copa do Mundo.

A maneira como o selecionado francês vem se apresentando atualmente gera desconfiança entre os franceses. As saídas de Zinédine Zidane, Fabien Barthez, Claude Makelélé e Lilian Thuram da seleção provocaram uma renovação. Porém, até agora, os novos nomes convocados por Raymond Domenech não conseguiram repetir o bom desempenho da geração campeã mundial em 1998. Entretanto, os últimos desempenhos em Copas do Mundo (finalista em duas das últimas três edições) e a tradição do futebol francês ainda fazem de Les Bleus uma das seleções favoritas ao título mundial.

A atual formação da seleção francesa é recheada de jogadores jovens e muitos deles atuam no futebol do país. O goleiro Hugo Lloris (jogador do Lyon), os meias Yoann Gourcuff (Bordeaux) e Jérémy Toulalan (Lyon) e o atacante André-Pierre Gignac (Toulouse) são alguns exemplos. Com esses jogadores mesclam-se alguns nomes já consagrados no futebol europeu, como os dos zagueiros William Gallas (Arsenal) e Eric Abidal (Barcelona), dos meias Franck Ribéry (Bayern München) e Florent Malouda (Chelsea) e dos atacantes Nicolás Anelka (Chelsea) e Thierry Henry (Barcelona).

Como a palavra da vez na França é renovação, alguns nomes podem surpreender e dar muito trabalho para as defesas adversárias. Os meias Samir Nasri e Moussa Sissoko são titulares em seus clubes (Arsenal e Toulouse, respectivamente). Já as apostas no ataque francês são Karim Benzema, que recentemente se transferiu para o poderoso Real Madrid, e Loïc Remy, atacante do Nice e uma das revelações do Campeonato Francês.

A mistura entre jogadores consagrados e jovens apostas é o combustível para a ressureição azul.

Dados da Seleção Francesa:

Fédération Française de Football

Títulos: 1 Copa do Mundo (1998), 2 Eurocopas (1984 e 2000), 2 Copas das Confederações (2001 e 2003) e Medalha de Ouro nas Olimpíadas de Los Angeles (1984)

Atual campeão nacional: Girondins de Bordeaux

Campanha nas Eliminatórias: 21 pontos em 10 jogos (6v, 3e e 1d; 18 GP e 9 GC) – 2º lugar do Grupo 7 – Repescagem: Irlanda 0x1 França e França 1x1 Irlanda

Artilheiro: Gignac (4 gols)

Time-base: Lloris; Sagna, Abidal, Gallas e Evra; L. Diarra, Toulalan, Gourcuff e Ribéry; Anelka e Henry


Com a corda no pescoço

Apesar de ter levado a França ao vice-campeonato da Copa do Mundo em 2006, Raymond Domenech ainda não é unanimidade no comando da seleção francesa. Ocupa o posto desde 2004, após a eliminação da França na Eurocopa do mesmo ano. Na época, ele era o treinador da seleção sub-21 francesa.

Prestes a completar seis anos à frente da seleção francesa, Domenech tem na Copa da África do Sul o seu maior desafio como treinador. Muito criticado pela campanha irregular nas Eliminatórias, por muitas vezes foi cogitado que ele deixaria o cargo. A prematura eliminação na primeira fase da Euro-2008 contribuiu para um maior questionamento de seu trabalho a frente de Les Bleus. Domenech terá de mostrar um trabalho muito melhor do que o atual para continuar sendo o treinador da seleção de seu país. E sua tarefa não é das mais fáceis: conduzir o esquadrão azul francês ao título mundial, que não vem desde a Copa de 1998.

Raymond Domenech ganhou, recentemente, um apoio e tanto para se manter como treinador da seleção. Zinedine Zidane, maior jogador da história da França, pediu, no começo de dezembro, que o povo francês tenha mais paciência com o treinador. “A equipe está classificada para a Copa. Por isso, não é hora de falar em demitir o treinador. Ele levou a equipe ao Mundial, e agora o que devemos fazer é apoiar o time e a comissão técnica”, disse Zizou à imprensa francesa. Domenech foi treinador de Zidane na Copa de 2006, na qual ele foi eleito o melhor jogador do torneio, o último de sua carreira.


Ele é a experiência

Carrasco do Brasil na última Copa do Mundo, Thierry Henry é o último remanescente da seleção campeã mundial de 1998. Além disso, o atacante é o maior goleador da história da França, com 48 gols marcados em 111 partidas disputadas. Todavia, o atacante ficou marcado pelo controverso lance que classificou a seleção francesa para a Copa do Mundo de 2010.

Na ocasião, o avante do Barcelona ajeitou a bola com a mão e cruzou para o zagueiro Gallas empatar o jogo contra a Irlanda, em Saint-Dennis. O tento irregular carimbou o passaporte de Les Bleus para o Mundial da África do Sul.

Conhecido por suas velozes arrancadas e notável oportunismo dentro da área, Henry é sempre uma grande preocupação para os zagueiros. Além disso, o atacante é o homem de confiança de Raymond Domenech em campo, tendo herdado a braçadeira de capitão do volante Patrick Vieira, após a aposentadoria do meia do selecionado azul. A versatilidade também marca o estilo de jogo de Henry. Ele pode atuar como um atacante aberto pelos lados do campo (ponta) e também como centroavante, desempenhando bem ambas as funções.

Henry estreou profissionalmente aos 17 anos pelo Monaco, em 1994. Ficou lá por cinco anos, tendo conquistado o título de campeão francês na temporada 1996/1997. Em janeiro de 1999, transfere-se para a Juventus. Porém, não conseguiu se adaptar ao estilo de jogo italiano e, seis meses depois, troca a Itália pela Inglaterra, ao ir para o Arsenal.

No clube inglês, Henry se firma como um dos maiores atacantes do mundo à época, sendo decisivo em vários títulos dos Gunners. De 1999 a 2007, o atacante conquistou dois títulos da Premier League e, com 226 gols marcados, se tornou o maior artilheiro da história do Arsenal. Ele deixou Londres em junho de 2007, com status de ídolo da torcida, e foi negociado com o Barcelona, clube que defende até hoje.

Entre suas premiações pessoais, Henry venceu a Chuteira de Ouro (prêmio dado ao artilheiro máximo da Europa em uma temporada) em 2004 e 2005, sendo o primeiro jogador na história a conseguir ganhá-la duas vezes seguidas. O atacante francês também já foi escolhido Jogador do Ano Francês por quatro vezes, e foi vice duas vezes seguidas no prêmio de Melhor Jogador do Mundo, concedido pela FIFA (em 2003 e 2004).

Agora, como comandante de um time sem muita experiência internacional, é a hora de Henry provar que, mesmo sem Zidane, a França pode se manter como uma potência do futebol.

Entre a cruz e a espada

12/08/2009 23:22

O mundo até agora está assustado com o acidente de Felipe Massa no treino classificatório do GP da Hungria. Ninguém poderia imaginar tamanho infortúnio com o brilhante piloto brasileiro. Ser acertado por uma mola no meio do circuito é uma chance em milhares, quem sabe milhões. Mas, todos torcemos para que Massa se recupere logo e continue seu trabalho na F1.

Mas não é sobre ele que venho falar neste artigo. É sobre a consequência do acidente de Massa. O alvoroço que passou pelo mundo nas últimas duas semanas. Um pequeno detalhe estrategicamente negociado pela Ferrari que atende por duas palavras: Michael Schumacher.

O mundo da F1 foi pego de surpresa ao saber do anúncio do retorno às pistas do lendário piloto alemão, sete vezes campeão mundial (2 vezes pela extinta Benneton e 5 vezes defendendo o vermelho de Maranello). Pilotos, ex-pilotos, pessoas ligadas à categoria, políticos, enfim: todos deram suas opiniões sobre a volta do alemão às pistas. Alguns rejeitaram de cara, achando que era apenas jogada de marketing da Ferrari. Mas algo era inevitável de se negar: Schumacher traria novamente a emoção que a F1 está precisando nesses tempos de crise.


Todavia, da mesma forma que fomos pegos de surpresa no retorno do alemão às pistas, essa semana a euforia teve um fim prematuro. Schumacher anunciou pelo seu site oficial que havia desistido de substituir Felipe Massa no cockpit da Ferrari. A notícia repercutiu novamente, e com mais intensidade do que a sua antecessora. Será que Shumacher não aguentaria a pressão? Será que era por causa da idade? A FIA agiu contra o seu retorno? Várias possibilidades, vários pontos de vista. Mas nenhum que realmente prove o verdadeiro motivo dessa desistência.

De algo não podemos negar: Schumacher é um gênio. E mais: ama o automobilismo. Ama o que faz. Para se ter ideia do quanto Schumacher se esforçou para tentar retomar a rotina de competições da F1, ele chegou a treinar oito (eu disse oito!) horas ininterruptas no simulador estático da Ferrari. Oito horas. Isso é sobrehumano. É algo que poucos conseguem fazer. E Schumacher fez.

Porém, outros fatores podem ter pesado em sua decisão. A pressão é um deles. O alemão nega, mas foi indiscutivelmente algo pesado na balança. Se Schumacher fosse muito bem no primeiro GP (o de Valencia, a ser disputado esse final de semana), pontuasse ou chegasse a subir no pódio, a euforia da torcida aumentaria e as apostas seriam a de que ele ainda teria chances de ser campeão. Se ele fosse muito mal, não pontuando ou desistindo do GP, a decepção da torcida seria algo monstruoso. Não é fácil lidar com um ídolo em decadência. O baque seria muito forte. E mancharia a vitoriosa e fantástica história de Michael Schumacher na F1. Quando se trata desse cidadão, não existe meio termo: ou é 8 ou é 80.

Portanto, considero correta a postura de Schumacher e apoio sua decisão de não substituir Massa na F1. Seu motivo alegado foi a falta de preparo físico ideal, que é algo muito plausível (imagine dirigir um carro a mais de 300 km/h por volta de 1h30 em um cockpit apertado e quente), e uma lesão no pescoço, proveniente de um acidente de moto no começo do ano. Contudo, tirando os fatos "oficiais", Schumacher, homem inteligente que o é, teve de tomar uma decisão muito difícil, ainda mais para alguém com tanto reconhecimento e identidade no esporte como ele.

Ave Cesar!

30/07/2009 15:14

Cesar Cielo Filho.

Eis um nome que irá ficar marcado na história do esporte brasileiro.

Único campeão olímpico da natação, nos 50m livre. E agora campeão mundial dos 100m livre, a prova mais tradicional da natação. De quebra, o recorde mundial. O primeiro atleta a nadar a prova abaixo de 47s.

Cesão, como é carinhosamente apelidado, chegou no balizamento com o rosto confiante. Confiante até demais para alguém que não era o favorito da prova. Na mesma piscina, nadariam os dois melhores atletas franceses: Alain Bernard, campeão olímpico e recordista mundial; e Frederick Bousquet, companheiro de treino de Cielo nos EUA, alguém que conhece o jeito de o brasileiro nadar.

Porém, com o porte de um imperador, soberano e temido, Cielo começa seu ritual. Vai até a beirada da piscina, molha o rosto. Bate com raiva nos músculos do peito como quem quer despertar uma fera adormecida. Olha para o céu. Levanta o dedo. O guerreiro está preparado.

Nadou como nunca. Venceu como sempre. Cielo fez a torcida brasileira arrepiar novamente como já havia feito ano passado, quando conquistou o ouro olímpico. Fez os franceses ficarem de queixo caído. O brasileiro é o homem mais veloz das piscinas.

Com o peito vermelho, comemorou como um gladiador que acabara de vencer mais uma disputa no Coliseum. Porém, no lugar da terra batida e dos leões ensanguentados, a água é o ambiente de consagração do guerreiro verde e amarelo. Seus braços não carregam espadas nem escudos. O lutador traz consigo a consagração da vitória. E, como os gladiadores, a consagração da história. Tão sonhada. Hoje realizada.

No pódio, ao receber os louros de sua conquista, o guerreiro mostrou porque é o melhor. Cumprimentou os atletas franceses derrotados por ele, evidenciando um lado competitivo e, principalmente, humano.

Quando o hino nacional começou a tocar, Cielo olhava atenciosamente a bandeira a ser hasteada. Parecia sereno. No meio do hino, no entanto, começou sua batalha mais difícil no dia: tentar conter a emoção. Não conseguiu. O herói brasileiro foi reverenciado pelos outros atletas e pelo público italiano. Todos começaram a aplaudí-lo de pé. E com razão. Até Michael Phelps, o maior nome da história das Olímpiadas, se rendeu ao talento do brasileiro. Ao ser questionado sobre sua decisão de não disputar os 100m livre, Phelps declarou: "Acabei de ver o César Cielo nadar e tive uma certeza: eu não ganharia esta prova de jeito nenhum."

Ave Cesar! O Imperador de Roma!

Afirmação

08/07/2009 18:26

Domingo, 05/07/2009.

Dia em que foi feito história.

Roger Federer vence Wimbledon pela sexta vez na carreira e conquista seu 15º Grand Slam.

Agora, indiscutivelmente, passou os números de todos os outros grandes tenistas.

Palco melhor não poderia ter sido escolhido: a quadra central do mais clássico torneio de tênis, Wimbledon.

O adversário era conhecido por ser freguês de carteirinha: Andy Roddick.

Porém, não foi assim tão fácil como se imaginava.

Cinco sets disputados. O último definido em 16-14 a favor do suíço (em Wimbledon, o quinto set não possui tie break).

Um jogaço.

Mais do que isso: uma afirmação.

Roger Federer provou que é o melhor de todos os tempos.

Consagração

07/06/2009 19:27

Quatro tentativas seguidas. Quatro fracassos seguidos. Algo que poderia desmotivar mesmo os mais talentosos. Por quatro anos seguidos, Roger Federer viu seu carrer slam (nome dado ao feito de conquistar os quatro grand slams do tênis) bater na trave. O suíço de 27 anos, pentacampeão de Wimbledon (2003-2007) e do US Open (2004-2008), e tricampeão do Australian Open (2004, 2006 e 2007) teve, finalmente, seu dia de glória na quadra Philippe Chatrier, palco da decisão do Grand Slam mais charmoso de todos: Roland Garros. Com a vitória de 3 sets a 0 (6-1, 7-6 e 6-4) obtida em cima do sueco Robin Soderling (número 25 do mundo), Roger Federer definitivamente escreveu seu nome na história. Conquistou um feito inédito, somente alcançado por cinco tenistas na história: Fred Perry, Don Budge, Rod Laver, Roy Emerson e Andre Agassi.

Jogando um tênis consistente, agressivo e eficiente, Federer não deu chances a Soderling, surpresa do campeonato. O nº 2 do mundo começou o jogo arrasador, dominando por completo o primeiro set, vencendo por 6-1. Já no segundo set, ambos os tenistas preferiram não se arriscar muito e o set foi definido apenas no tie break. Federer então deu uma aula em Soderling, aplicando três aces e não dando chances ao sueco quando este savaca. 7-1 no tie break e dois sets a zero na partida. Tudo se encaminhava para uma vitória tranquila de Federer.

No terceiro set, a história foi a mesma, com o suíço mantendo o total controle da partida. No total, Federer quebrou o saque de Soderling 3 vezes, duas no primeiro set e uma no último. Esta última quebra foi conquistada logo no primeiro game do terceiro set. Nem a chuva fina que começou a cair sobre a quadra central fez com que Federer perdesse o controle da partida. No último game, quando o suíço sacava em 5-4 para fechar a partida, a emoção pareceu tomar controle de Federer. Neste último game, o suíço cedeu sua única chance de quebra para Soderling, mas o sueco não soube aproveitá-la. No último ponto, com um primeiro serviço forte e bem aberto, Soderling acabou mandando a devolução na rede e fez o gigante suíço se ajoelhar de emoção no saibro da quadra Philippe Chatrier. A espera havia acabado. Federer era o campeão de Roland Garros.

Na cerimônia de entrega dos troféus, muita simpatia por parte de Soderling. O algoz de Nadal respeitou muito a vitória de Federer e se referiu ao suíço como o melhor tenista de todos os tempos. Soderling também comentou sobre a surpresa de ter conseguido alcançar sua primeira final de Grand Slam na carreira. “Foram as duas melhores semanas da minha carreira”, afirmou o sueco. A caminhada do sueco na atual edição de Roland Garros lembrou a de Gustavo Kuerten em 1997, quando conquistou a primeira de suas três taças no saibro francês. Guga também não era tão bem rankeado e, mesmo assim, conquistou o torneio, para a surpresa do mundo do esporte.

Para a entrega do troféu a Roger Federer, a organização do torneio francês caprichou. Trouxe o americano Andre Agassi, o último tenista a ter conseguido conquistar o carrer slam, feito que Federer acabou por consumar neste final de semana. Muito emocionado, o suíço agradeceu a presença de Agassi e ao apoio da torcida francesa, que o adotou após a eliminação dos tenistas franceses nas fases anteriores do torneio.

Roger Federer conseguiu também um feito que há muito tempo ele pretendia conquistar. Igualou a marca do americano Pete Sampras no número de conquistas de Grand Slam. São 14 conquistas para os dois tenistas, porém Federer já tem a chance de superar o americano no piso que o consagrou na história: na grama de Wimbledon, torneio que será realizado no fim deste mês. Federer também poderá conquistar o hexacampeonato seguido do US Open, caso vença o torneio, que é o último Grand Slam do calendário.

Roger Federer mostrou que, mesmo após sucessivos fracassos em Roland Garros (nas últimas quatro edições) e alguns tropeços nos dois últimos anos (perdeu o Australian Open de 2007 para o sérvio Novak Djokovic e perdeu, no ano passado, Roland Garros e Wimbledon para Rafael Nadal), além de ser um tenista fora de série, possui uma cabeça invejada por muitos. Conseguiu manter o foco, a garra e a força de vontade para superar esses fracassos. Sua recompensa por isso, e digo com a maior certeza: Roger Federer é o maior tenista de todos os tempos. E tem tudo para continuar a traçar sua brilhante carreira por mais algum tempo.

Brasil, mostra sua cara!

20/05/2009 21:30

Seriam apenas dois dias comuns na vida de qualquer um. Porém hoje, quarta-feira (20/05) e amanhã (21/05) são dois dias que marcarão os destinos do futebol no corrente ano de 2009. Seriam.

Quarta-feira à tarde, noite na Europa, começou a mostrar como seria o dia para o futebol brasileiro. Final da Copa da UEFA. Shakhtar Donetsk e Werder Bremen disputam na Turquia o segundo título mais importante do velho continente. Apesar de o jogo ser entre ucranianos e alemães, e ser disputado em território turco, quem deu o tom da partida foram os brasileiros.

No tempo normal de jogo, Luiz Adriano (ex-Internacional) e Naldo determinaram o placar na partida. Porém, aos que pensavam que a partida iria para os penaltis, um outro brasileiro deu ponto final à Copa UEFA em favor dos ucranianos. Um marco no futebol europeu. Pela primeira vez, um time vindo da Ucrânia, que obteve sua independência em 1991, conseguiu ser campeão de um torneio europeu. E o nome desse brasileiro que deu o título ao time laranja de Donetsk: Jadson (ex-Atlético Paranaense).


Jadson comemora gol do título do Shakhtar Donetsk com Ilsinho ao fundo


Tirando os três brasileiros já citados (Luiz Adriano e Jadson, pelo Shakhtar; e Naldo, pelo Werder Bremen), mais três brasileiros participaram da final da Copa da UEFA. Todos pelo lado do Shakhtar. Ilsinho (ex-São Paulo), Fernandinho (ex-Atlético Paranaense) e Wiliam (ex-Corinthians). Ao todo, seis brasileiros em campo, seis personagens que mudaram a história da partida em Istambul. 

E não é só isso que movimentará e definirá algumas bases do futebol brasileiro. Agora, daqui a pouco, começam as quartas-de-final da Copa do Brasil. O Coritiba, no ano de seu centenário, já garantiu vaga nas semifinais. Outros três jogos movimentam a rodada na mais democrática competição de futebol do Brasil. Meus palpites: Vasco, Corinthians e Internacional passarão por Vitória, Fluminense e Flamengo, respectivamente. Vamos ver, amanhã, se acertarei.

Amanhã, o principal evento da seleção brasileira começa a ser definido. Dunga convocará os jogadores que irão disputar a Copa das Confederações, na África do Sul. Teremos algumas definições de qual será a base da seleção para 2010? Teremos surpresas? Será que, enfim, o previsível treinador da seleção arrumará algumas surpresas para debatermos durante o resto da semana? Veremos.

Uma coisa é certa: o ano do futebol brasileiro começa em definitivo agora. E começa pegando fogo.

Post scriptum 2

11/05/2009 21:53

Já é a segunda vez que publico um post scriptum (o popular p.s.) neste blog. O da última vez rendeu um texto, mas o de agora será só para complementar o post "Gripe suína + futebol = novela mexicana".

Um novo capítulo foi escrito hoje (11/05). A Conmebol tentou, insistiu, mas os mexicanos mantiveram sua decisão de sair da Libertadores.

A Conmebol, então, confirmou São Paulo e Nacional-URU nas quartas-de-final da Libertadores.

Mas algo me diz que essa novela mexicana ainda não terminou.

Jogão no Mineirão

10/05/2009 22:09

O jogo entre Cruzeiro e Flamengo já demonstrou qual será a expectativa para essa edição do Brasileirão: serão sete meses de um campeonato disputadíssimo e cheio de emoção para o torcedor brasileiro. Em um ótimo jogo, com direito a expulsão e dois pênaltis, a Raposa venceu o rubro-negro por 2x0 e começa a semana bem. Já para a torcida flamenguista, a semana começa apreensiva, tendo em vista que o Flamengo pela ninguém mais ninguém menos que o Internacional, pelas quartas-de-final da Copa do Brasil.

Desde o começo do jogo, o estilo de jogar bem ofensivo das duas equipes mostrava que o jogo iria pegar fogo. Muitas jogadas de ataques de ambos os lados, porém com o Cruzeiro dominando o meio-campo, deixando ao Flamengo apenas as jogadas de contra-ataque.

Porém, aos 14 minutos do 1º tempo, o lance que mudou a cara do jogo. Ibson cobra escanteio, a bola chega à cabeça de Emerson, que finaliza para o gol do Cruzeiro. A bola ainda estava no ar quando o lateral cruzeirense Jancarlos, ao tentar rebatê-la para fora da área, acaba batendo com o braço na pelota. Pênalti, com direito à expulsão de Jancarlos (que na minha opinião, foi exacerbada). O jogo poderia ficar muito ruim para o time celeste. Poderia, pois Juan cobrou mal o pênalti e Fabio evitou o primeiro gol rubro-negro.

Após o pênalti, os papéis se inverteram no Mineirão. O Flamengo, com um homem a mais, começou a dominar o jogo, aumentou o tempo de posse de bola e deixou o Cruzeiro apenas com os contra-ataques. Adilson Batista, por conta da expulsão de Jancarlos, teve que realizar sua primeira substituição: saiu o atacante Thiago Ribeiro e foi para campo o volante Fabricio.

E foi em uma jogada de contra-ataque que surgiu o primeiro gol cruzeirense. Wagner recebeu lançamento pela direita do ataque celeste e, ao entrar na área, foi derrubado por Juan. Pênalti bem convertido por Kleber, abrindo o placar a favor do Cruzeiro.

Kleber e Ramires: os dois personagens principais da partida entre Cruzeiro x Flamengo pela 1ª rodada do Brasileirão 2009

 

Após o gol, o Cruzeiro ficou mais tranquilo, enquanto o desespero tomou conta do time do Flamengo, que buscava incessantemente o gol de empate. O time celeste saia muito bem nos contra-ataques e tocava bem a bola, ao mesmo tempo em que conseguia conter o ímpeto do ataque rubro-negro.

O segundo tempo começou com a mesma tocada do primeiro. O Flamengo indo para cima do Cruzeiro, buscando o gol de empate, pois possuía a vantagem numérica em campo. Porém, o rubro-negro abusava dos erros de finalização, o que aumentava a emoção do jogo. Cuca, então, resolve substituir atacante por atacante, tirando Emerson e colocando Josiel, esperando que este resolvesse o jogo em favor do Flamengo.

Adilson Batista, então, resolve retrancar ainda mais a equipe celeste, tirando seu único atacante em campo, Kleber, e colocando o volante Elicarlos. Começa então um bombardeio do ataque rubro-negro em cima da defesa celeste. Cuca ainda tira o zagueiro Airton e coloca o meia Erick Flores, esperando furar a retranca cruzeirense.

Porém, Adilson Batista acertou em apostar nos contra-ataques. Foi em um deles que Ramires, que jogava como um dos homens mais avançados do Cruzeiro, ao lado de Marquinhos Paraná e de Athirson (que entrou no lugar de Wagner), recebeu um lançamento, driblou com categoria dois defensores do Flamengo e chutou rasteiro no canto de Bruno, sacramentando a vitória cruzeirense.

O Cruzeiro demonstrou, principalmente após a expulsão de Jancarlos, uma boa colocação em campo, sacrificando seu ataque em prol da defesa, que parou o ataque rubro-negro em vários lances. Já o Flamengo, que detinha a superioridade numérica desde os 14 minutos do 1º tempo, mostrou que precisa fazer durante a semana vários treinamentos de finalização, pois oportunidades não faltaram no jogo para tentar empatar e, quem sabe, virar o jogo.

É isso aí, caro leitor. O Campeonato Brasileiro 2009 começou a todo vapor. Serão 380 jogos de muita emoção e, espero eu, de muito bom futebol!

Gripe suína + futebol = novela mexicana

09/05/2009 20:29

Além de vir assombrando o mundo recentemente, a gripe suína também acabou causando uma reviravolta no futebol sul-americano.

Toda a polêmica começou com a carta enviada à Conmebol pelo presidente do São Paulo F.C., Juvenal Juvêncio, pedindo a mudança de local do jogo entre o Tricolor e o Chivas Guadalajara, por conta do surto da gripe suína, cujo foco principal é no território mexicano. A Conmebol, então, decidiu que a vaga para as quartas-de-final envolvendo os dois times mexicanos (São Paulo x Chivas e Nacional-URU x San Luís) seria disputada em um jogo único, a ser disputado na casa dos adversários dos clubes mexicanos. Tal atitude acabou por deflagrar uma onda de indignação na Federação Mexicana de Futebol que havia avisado que, se tal medida fosse tomada, os clubes mexicanos sairiam da Libertadores. E foi o que aconteceu.

Como toda boa novela mexicana, a história não acaba por aí. Hoje de manhã, ao entrar na internet, vejo que muita água ainda irá rolar por debaixo da ponte. Em uma decisão no mínimo bombástica, a Federação Mexicana de Futebol anunciou que não participará mais de nenhum torneio de futebol na América do Sul.

Em primeiro lugar, eu nunca fui a favor de clubes mexicanos disputarem a Libertadores da América e a Copa Sul-Americana. Está no cerne de ambas as competições privilegiar clubes sul-americanos. Mas parece que alguém na Conmebol faltou algumas aulas de Geografia e incluiu o México, que fica na América Central, a vir disputar os torneios cá embaixo.

Mas aí vem algumas pessoas e dizem: mas você está sendo muito insensível com a situação! Os clubes mexicanos são mais competitivos, trarão mais emoção às competições aqui na América do Sul! Minha resposta para isso: balela. Sabe por que? Porque a Conmebol está muito bem acomodada com toda essa situação. Chama os mexicanos para virem disputar torneios aqui, ganha dinheiro com isso e esbraveja para o mundo todo que a Libertadores é igualmente grande em status e qualidade que a UEFA Champions League. E todos esquecem de um pequeno detalhe: caso algum clube mexicano ganhe a Libertadores, ele não vai disputar o Mundial! Quem iria, nesse caso, seria o vice-campeão! É uma falta de vergonha na cara e um desrespeito ao amante do bom futebol. E uma falta de respeito aos clubes mexicanos, que vem disputar o torneio como meros animadores de platéia.

Porém, minha maior pergunta é: por que a Concacaf, que organiza os torneios de futebol nas Américas Central e Norte, não pensou em usar este artifício da maior competitividade dos clubes mexicanos para trazer mais emoção para o torneio intercontinental deles? Aproveitariam que o futebol vem a cada ano crescendo nos Estados Unidos e ganhando o status que o basquete e o futebol americano já possuem. Aproveitariam que os clubes da América Central sempre pintam como zebras e adoram pregar peças nos times norte-americanos.

O que vemos aqui, caro leitor, é uma completa falta de qualidade na administração das Confederações de Futebol na América. E uma dupla falta de seriedade. Por parte da Conmebol, por faltar com o respeito aos clubes mexicanos, que na minha opinião nunca deveriam ter aceito o convite de disputar torneios na América do Sul. E uma falta de competência da Concacaf, por perder essa grande oportunidade de ganhar um status nunca antes visto em torneios realizados por ela.

Resta agora saber como terminará a novela entre México e Conmebol. Aguarde os próximos capítulos.