Allez, les Bleus!

04/01/2010 15:40

Ano novo, vida nova no Na Trave. Um feliz 2010 a todos os leitores. Começamos o ano com um assunto de extrema importância: Copa do Mundo da África do Sul. Faremos uma série de análises sobre as seleções favoritas ao título. Para iniciar, os carrascos do Brasil em 2006: a França. Uma análise sobre o time, o treinador e o principal jogador.

Aposta na renovação

Do vice-campeonato mundial na Copa de 2006 até agora, a França não demonstrou a força que exibiu ao mundo com as gerações de Michel Platini e Zinedine Zidane. A precoce eliminação na primeira fase da Euro-2008 e uma campanha irregular nas Eliminatórias Europeias levavam a crer que Les Bleus não conseguiriam a vaga para o Mundial da África do Sul.

Com um time que não empolgava, a pressão sobre Raymond Domenech aumentava a cada apresentação ruim de sua seleção. Aos trancos e barrancos, a França chegou à repescagem europeia. E a vaga na Copa da África não poderia ter vindo de pior forma: em um lance muito criticado e discutido até hoje, Thierry Henry ajeitou a bola com a mão dentro da área da Irlanda e construiu a jogada que resultou no gol do zagueiro Gallas, que classificou a França para a Copa do Mundo.

A maneira como o selecionado francês vem se apresentando atualmente gera desconfiança entre os franceses. As saídas de Zinédine Zidane, Fabien Barthez, Claude Makelélé e Lilian Thuram da seleção provocaram uma renovação. Porém, até agora, os novos nomes convocados por Raymond Domenech não conseguiram repetir o bom desempenho da geração campeã mundial em 1998. Entretanto, os últimos desempenhos em Copas do Mundo (finalista em duas das últimas três edições) e a tradição do futebol francês ainda fazem de Les Bleus uma das seleções favoritas ao título mundial.

A atual formação da seleção francesa é recheada de jogadores jovens e muitos deles atuam no futebol do país. O goleiro Hugo Lloris (jogador do Lyon), os meias Yoann Gourcuff (Bordeaux) e Jérémy Toulalan (Lyon) e o atacante André-Pierre Gignac (Toulouse) são alguns exemplos. Com esses jogadores mesclam-se alguns nomes já consagrados no futebol europeu, como os dos zagueiros William Gallas (Arsenal) e Eric Abidal (Barcelona), dos meias Franck Ribéry (Bayern München) e Florent Malouda (Chelsea) e dos atacantes Nicolás Anelka (Chelsea) e Thierry Henry (Barcelona).

Como a palavra da vez na França é renovação, alguns nomes podem surpreender e dar muito trabalho para as defesas adversárias. Os meias Samir Nasri e Moussa Sissoko são titulares em seus clubes (Arsenal e Toulouse, respectivamente). Já as apostas no ataque francês são Karim Benzema, que recentemente se transferiu para o poderoso Real Madrid, e Loïc Remy, atacante do Nice e uma das revelações do Campeonato Francês.

A mistura entre jogadores consagrados e jovens apostas é o combustível para a ressureição azul.

Dados da Seleção Francesa:

Fédération Française de Football

Títulos: 1 Copa do Mundo (1998), 2 Eurocopas (1984 e 2000), 2 Copas das Confederações (2001 e 2003) e Medalha de Ouro nas Olimpíadas de Los Angeles (1984)

Atual campeão nacional: Girondins de Bordeaux

Campanha nas Eliminatórias: 21 pontos em 10 jogos (6v, 3e e 1d; 18 GP e 9 GC) – 2º lugar do Grupo 7 – Repescagem: Irlanda 0x1 França e França 1x1 Irlanda

Artilheiro: Gignac (4 gols)

Time-base: Lloris; Sagna, Abidal, Gallas e Evra; L. Diarra, Toulalan, Gourcuff e Ribéry; Anelka e Henry


Com a corda no pescoço

Apesar de ter levado a França ao vice-campeonato da Copa do Mundo em 2006, Raymond Domenech ainda não é unanimidade no comando da seleção francesa. Ocupa o posto desde 2004, após a eliminação da França na Eurocopa do mesmo ano. Na época, ele era o treinador da seleção sub-21 francesa.

Prestes a completar seis anos à frente da seleção francesa, Domenech tem na Copa da África do Sul o seu maior desafio como treinador. Muito criticado pela campanha irregular nas Eliminatórias, por muitas vezes foi cogitado que ele deixaria o cargo. A prematura eliminação na primeira fase da Euro-2008 contribuiu para um maior questionamento de seu trabalho a frente de Les Bleus. Domenech terá de mostrar um trabalho muito melhor do que o atual para continuar sendo o treinador da seleção de seu país. E sua tarefa não é das mais fáceis: conduzir o esquadrão azul francês ao título mundial, que não vem desde a Copa de 1998.

Raymond Domenech ganhou, recentemente, um apoio e tanto para se manter como treinador da seleção. Zinedine Zidane, maior jogador da história da França, pediu, no começo de dezembro, que o povo francês tenha mais paciência com o treinador. “A equipe está classificada para a Copa. Por isso, não é hora de falar em demitir o treinador. Ele levou a equipe ao Mundial, e agora o que devemos fazer é apoiar o time e a comissão técnica”, disse Zizou à imprensa francesa. Domenech foi treinador de Zidane na Copa de 2006, na qual ele foi eleito o melhor jogador do torneio, o último de sua carreira.


Ele é a experiência

Carrasco do Brasil na última Copa do Mundo, Thierry Henry é o último remanescente da seleção campeã mundial de 1998. Além disso, o atacante é o maior goleador da história da França, com 48 gols marcados em 111 partidas disputadas. Todavia, o atacante ficou marcado pelo controverso lance que classificou a seleção francesa para a Copa do Mundo de 2010.

Na ocasião, o avante do Barcelona ajeitou a bola com a mão e cruzou para o zagueiro Gallas empatar o jogo contra a Irlanda, em Saint-Dennis. O tento irregular carimbou o passaporte de Les Bleus para o Mundial da África do Sul.

Conhecido por suas velozes arrancadas e notável oportunismo dentro da área, Henry é sempre uma grande preocupação para os zagueiros. Além disso, o atacante é o homem de confiança de Raymond Domenech em campo, tendo herdado a braçadeira de capitão do volante Patrick Vieira, após a aposentadoria do meia do selecionado azul. A versatilidade também marca o estilo de jogo de Henry. Ele pode atuar como um atacante aberto pelos lados do campo (ponta) e também como centroavante, desempenhando bem ambas as funções.

Henry estreou profissionalmente aos 17 anos pelo Monaco, em 1994. Ficou lá por cinco anos, tendo conquistado o título de campeão francês na temporada 1996/1997. Em janeiro de 1999, transfere-se para a Juventus. Porém, não conseguiu se adaptar ao estilo de jogo italiano e, seis meses depois, troca a Itália pela Inglaterra, ao ir para o Arsenal.

No clube inglês, Henry se firma como um dos maiores atacantes do mundo à época, sendo decisivo em vários títulos dos Gunners. De 1999 a 2007, o atacante conquistou dois títulos da Premier League e, com 226 gols marcados, se tornou o maior artilheiro da história do Arsenal. Ele deixou Londres em junho de 2007, com status de ídolo da torcida, e foi negociado com o Barcelona, clube que defende até hoje.

Entre suas premiações pessoais, Henry venceu a Chuteira de Ouro (prêmio dado ao artilheiro máximo da Europa em uma temporada) em 2004 e 2005, sendo o primeiro jogador na história a conseguir ganhá-la duas vezes seguidas. O atacante francês também já foi escolhido Jogador do Ano Francês por quatro vezes, e foi vice duas vezes seguidas no prêmio de Melhor Jogador do Mundo, concedido pela FIFA (em 2003 e 2004).

Agora, como comandante de um time sem muita experiência internacional, é a hora de Henry provar que, mesmo sem Zidane, a França pode se manter como uma potência do futebol.

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