Muñeco asesino

09/03/2009 12:41

Normalmente o Na Trave tem feito análises todo fim de semana sobre as rodadas do Clausura de uma maneira geral e mais detalhado sobre os jogos principais. Mas uma partida das 16h de ontem se tornou fenomenal de tal maneira que merece uma atenção especial. (Se você pensou em Palmeiras x Corinthians, errou feio)

Antes uma rápida passada pelo clássico da rodada: Independiente 2x0 Boca Juniors.

Na história, 13 títulos de Libertadores de duas equipes que têm o mesmo número de conquistas de um Brasil inteiro. No presente, a vergonha de ver que em se somando a pontuação dos dois grandes não chegava no líder único Lanús (12 pts.). Já que o passado não costuma entrar em campo, venceu a atualidade no duelo para saber como seria a partida.

Numa primeira etapa com poucas chances de gol um personagem se destaca, mesmo sendo contra o ideal de sua profissão. Sergio Pezzotta expulsou a arma de velocidade do Boca em dois lances questionaveis. No primeiro o amarelo foi justo, porém antes houve uma cotovelada de Pusineri em Gaitan ignorada pelo árbitro. Minutos depois, Mouche esbarra na marcação de Tuzzio e cai dentro da área. Sem penalidades a marcar, só que Pezzotta foi além e decidiu expulsar o pibe por simulação. Golpe duro pros xeneizes que só teriam Roman no segundo tempo.

Ultimamente o Boca vinha dependendo apenas do talento de seus valores individuais para sair vitorioso. Hoje provou desse veneno. El Rolfi Montenegro lembrou a Argentina inteira porque usa a 10, e depois de bela jogada fez o primeiro. Um golaço que inflamou a alma dos Rojos e deixou o jogo em outra contradição: era a melhor atuação do Independiente e a pior do Boca no ano.

Ofuscado pelo bom segundo tempo, Pezzotta resolveu aparecer denovo. Marcou penalti no encontrão de Abbondanzieri e Mancuello. Mais um gol a conta do Montenegro, mais uma bronca pros xeneizes que precisam reagir logo, senão só lhes restará a Libertadores.

Não teve jeito. O coração bateu mais forte no jogo em Nuñez. Nunca na história um triunfo contra o Arsenal tinha causado tantas emoções ao torcedor millonário. E se nesse ano o River carregava a vergonha de jogar sem convencer, hoje foi tão brilhante quanto heróico.

Um heroísmo que começou pela quebra de paradigmas. Se esperava um Arsenal superior graças ao artilheiro do campeonato Leguizamon e as suas ultimas atuações que lhe concediam até então o título de "co-líder". Mas como já disse anteriormente, passado, ainda que recente, não adentra à cancha.

O River estava diferente. Estava ofensivo e perigoso com os chutes de Buonanotte e com as cabeçadas de Falcão Garcia. Estavam jogando como todos pediam em suas orações. O gol parecia questão de tempo. Mas justamente quando o tempo da primeira metade estava próximo do fim veio o grande choque. Nico Sanchez derruba Mauro Matos na área como último homem e é expulso. Junto com o 5° gol de Leguizamon vem o medo de mais uma tragédia em Nuñez. Os torcedores sabiam que uma expulsão de um defensor somada a um gol traz abaixo o emocional de todos.

Uma tristeza que perduraria o sempre demorado intervalo argentino, e só. No primeiro minuto, Villagra faz boa jogada e cruza na cabeça calejada de Falcão. Dadas as circunstâncias um empate não seria nada mal. Mas o River estava determinado. Nem mesmo o gordinho Fabbiani poupou folego na busca de uma virada inacreditável.

Mas todas as histórias épicas precisam de um herói. Um bravo guerreiro que chegue no momento de necessidade e salve a todos. Esse foi El Muñeco Gallardo, que honrou a 10 que veste e só estava no banco pois seu físico ainda o traía. Pois bastaram um arranque e 3 toques na bola para encobrir o goleiro Campestrini. Era a virada que todos queriam mas ninguém podia crer que viria.

Não é o bastante pra essa partida ser épica? Que tal mais um gol de Gallardo aos 32 da etapa final para cravar o 3x1 no placar? Ou então tres expulsões (Archubi pelo River, Sergio Sena e Matellan pelo Arsenal)?

Em teoria eram 3 a menos pro River, já que Danilo Gerlo mancava sobre a grama. Na prática o que se viu foi mais um guerreiro, que não foi impedido por sua lesão de continuar ajudando na defesa com a raça que tanto caracteriza seu país. Mas ele foi coadjuvante perto do brilho de Marcelo Gallardo, o herói da tarde.

Talvez não dê para prever que o River Plate vá brigar por títulos. Mas hoje achou o caminho certo. E nada melhor que um triunfo épico para marcar a o despertar de um gigante.

Classificação do Clausura 2009

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