Copa das Confederações - Olhares

24/06/2009 18:27

Agora sobre o Grupo B da Copa das Confederações, o grupo do Brasil-sil-sil! 

Brasil

É preciso admitir que uma das coisas que mais se cobrava do time de Dunga está começando a acontecer: jogo bonito e empolgante. E isso se deve a ninguém menos do que o próprio treinador, é importante reconhecer. A insistência em uma base está dando frutos. Claro, demorou quatro anos e pode-se argumentar que a teimosia com algumas peças contestadas desde sempre pode ter retardado a evolução da equipe, mas o importante é que o Brasil está jogando bem a um ano da Copa. Além disso, algumas apostas revelam-se cada vez mais certíssimas, como são os casos de Luís Fabiano, Júlio César e Felipe Melo. Ramires também entra na lista, mas estava sendo pedido a tanto tempo que é difícil colocá-lo na conta de Dunga. Ainda falta o lateral-esquerdo. As atuações discretas de André Santos podem ser creditadas ao nervosismo de estrear de supetão no onze principal, mas isso tem um limite.

Destaques

Falando especificamente da Copa das Confederações, os que mais merecem aplausos são Luís Fabiano (um dos artilheiros do torneio), Lúcio, Juan (a melhor dupla de zaga do mundo na opinião de muitos, eu incluso), Kaká (faz a diferença) e Maicon (voltou melhor do que já era antes), além de Ramires, que se firmou e se afirmou espetacularmente rápido.

 

Itália

Eis o que acontece quando você fica velho: você fica frágil e inseguro, desorientado, sua visão e articulações te deixam na mão, sua circulação já não é a mesma e você não consegue, bem, “definir”. Em outras palavras: Cannavaro, Zambrotta, Pirlo, Camoranesi e Toni, respectivamente. Dos remanescentes do título mundial de 2006 que participaram ativamente do vexame azul na Copa das Confederações, só Buffon se salva. O consenso é que a Itália perdeu o bonde e não se renovou. Ou melhor, se renovou, mas não aproveitou as caras novas. O resultado foi o que se viu. Uma equipe pouco competitiva mesmo contra seleções de nível inferior, composta por uma zaga atarantada, um meio-campo sem iniciativa e um ataque desajeitado. Para Marcello Lippi, se permanecer no cargo, é hora de voltar à prancheta e rever seus conceitos.

Destaques

Rossi foi o nome da Azzurra na competição, salvando o time no primeiro jogo. Depois foi descartado, após não render como centroavante na segunda partida e ser relegado ao banco na terceira. Mas já desponta como opção para 2010.

 

Estados Unidos

Escrevo estas mal traçadas logo após a vitória embasbacante dos americanos sobre a Espanha, mas vou tentar ser razoável. Claro que derrubar os melhores do mundo depois de passarem da primeira fase num sufoco desgraçado é um grande mérito, como outros que podem ser encontrados na seleção do Tio Sam. Longe se vão os tempos de Bruce Arena na prancheta e Claudio Reyna com a faixa no braço esquerdo, mas os Yanks demonstram organização e consciência tática que compensam a falta de criatividade. O ataque subiu de produção quando Altidore ganhou companhia. A defesa tem laterais inseguros, mas os zagueiros, apesar de brucutus, dão conta do recado. Por trás de tudo, um goleiro invejável e sóbrio. Nada além disso, porém. A chegada à segunda fase, que dirá à final, foi surpreendente até para os atletas. O sucesso em uma Copa exigirá mais do que o feijão-com-arroz mostrado até agora.

Destaques

Donovan é, para os padrões estado-unidenses, craque. Altidore é uma promessa e tanto, com seu jogo físico e decidido. Howard é um goleiro do tipo “pouco-marketing-e-muito-trabalho”, e não é à toa que faz carreira relativamente sólida na Premier League há seis anos. Por fim, Dempsey foi eleito Man of the Match dos dois últimos compromissos da equipe, contribuindo muito para os resultados.

 

Egito

Foi quase. O Egito tinha plenas condições de ficar com a vaga no mata-mata, mas pecou pelo desequilíbrio entre defesa e ataque, tomou três dos Estados Unidos e caiu fora. O maior vencedor da Copa Africana de Nações ainda está devendo a nível mundial, e demonstrou algumas qualidades antes de cair. Todas exclusivamente ofensivas, diga-se de passagem, porque mesmo o esquema de quatro zagueiros e um líbero aferrolhado na área não garantiu a menor segurança para os Faraós na Copa das Confederações. Falando dos pontos positivos, a equipe apresentou fluidez do meio para frente e trocas de passes objetivas e muito boas. Faltou, porém, segurar as pontas como foi feito contra a Itália. Vai ser difícil ver o Egito de volta à África do Sul, já que a seleção está em último no seu grupo das eliminatórias. Com a geração envelhecida, a última chance de brilhar vai indo embora.

Destaques

Zidan e Aboutrika infernizaram os adversários, com a ajuda valiosa do apoiador Shawky. Definitivamente os três melhores do time. O goleiro El-Hadary teve atuação impecável contra os italianos, na segunda rodada, mesmo jogo em que Homos fez o gol da histórica vitória. A respeito do envelhecimento: o mais novo desses nomes citados é Shawky, com 27 anos.

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