Abstinência ludopédica

22/03/2009 21:14

Bola rolando nos capins de todo o Brasil afora pelos estaduais! Um momento. Todo o Brasil? Não exatamente. Apenas 26 competições oficiais estão em andamento no país. A terra sem campeonato? O Amapá, penúltimo colocado no ranking de estados da CBF.

O Campeonato Amapaense tem apenas uma divisão. Ela é composta por dez simpáticas agremiações futebolísticas, sendo oito delas oriundas da capital Macapá: Amapá, Cristal, Macapá, Santos, São José, São Paulo, Trem e Ypiranga. Completam o rol de participantes o Independente, de Santana, e o Mazagão, de Mazagão. O atual detentor do título é o Cristal, que, graças, ao triunfo, participou da Copa do Brasil de 2009. Caiu na primeira fase, superado pelo Brasiliense. Marcou presença também no Campeonato Brasileiro da Série C de 2008, no lugar do Trem, que teria a vaga por ter sido campeão estadual em 2007 mas abriu mão. No nacional, ficou em terceiro no Grupo 2, atrás de Holanda-Am e Remo e na frente do Progresso-RR.

Clube Atlético Cristal, o Dragão (?) do Norte

Desde o dia 12 de julho do ano passado, data da decisão entre Cristal e São José, nenhum clube amapaense além do campeão entrou em campo para uma partida oficial. O próprio Cristal jogou apenas seis vezes desde então, pelos campeonatos já citados. O estadual de 2009 está previsto para ter início em agosto, mas já há rumores (negados pelo presidente da Federação, Paulo Rodrigues) de que ele não acontecerá.

O atraso deve-se, em parte, à extensa reforma do Estádio Glicério Marques, o Glicerão, localizado em Macapá, que recebe praticamente todos os jogos que acontecem no estado. A outra arena da capital, o Estádio Milton Corrêa, o Zerão (famoso por ter a linha central do campo coincidindo com a Linha do Equador), está completamente arruinado e tomado por areia e mato. Há estádios também em Mazagão e em Santana: respectivamente, o Videirão e o Municipal. Porém, como 80% dos clubes participantes são de Macapá, fica inviável iniciar o campeonato sem o Glicerão.

A torcida assiste na mordomia à partida entre Cristal e Brasiliense, no Glicerão

Antes de serem iniciadas as obras, o estádio, com capacidade para míseras 3.500 almas, recebeu o Brasiliense para o confronto de ida da Copa do Brasil, no dia 04/03, com vitória dos visitantes por 2-1. Duas semanas depois o Cristal foi à Boca do Jacaré e sofreu novo revés, por 3-1, carimbando a eliminação. É o suficiente para não haver envolvimento de Amapá no futebol pelos próximos meses, no mínimo até o início da Série D, onde o Cristal deverá ser o representante novamente, uma vez que o estadual não será definido a tempo.

A imprensa do estado não é muito de comentar a situação. Fato que fica bem explicado quando se descobre que o secretário da Coordenadoria Municipal de Esportes e Lazer (COMEL) de Macapá, Ramilton Farias, assina ponto no Diário do Amapá, um dos principais jornais (a informação é do blog Futebol Amapaense). O precário site da Federação não traz nenhum esclarecimento, e ainda distrai o visitante tocando a vinhetinha do futebol da Globo. O site Futebol do Norte também não faz menção a nada disso. O blog citado anteriormente é a melhor fonte para consultas, além de ser bem crítico. O Esporte Espetacular, recentemente, fez uma reportagem ilustrando a situação do futebol tucuju, que pode ser vista aqui.

Em resumo, há um lugar, lá onde o mundo se divide, que ainda não pode contar com o brilho de uma partida de futebol. Um lugar chamado Amapá.

Digitar "mapa amapá" é engraçado. Falando em mapa, ele parece um pouco a cabeça do Patolino.

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