Rodrigo

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Quanto pode custar um gol?

18/01/2010 16:08

O gol. Momento de êxtase máximo do futebol. Seja cruzando a linha fatal por milímetros ou estufando as redes com potencia bruta, é o ponto que determina campeões e derrotados, classificados e eliminados, aliviados e rebaixados. Algo de valor emocional tão imenso poderia custar quanto, financeiramente falando? Pois alguns times da elite brasileira em 2009 pagaram bem caro, mesmo não tendo um retorno ideal.

Fizemos um levantamento analisando algumas das principais contratações de 2009. Baseando-se nas despesas básicas para aquisição e manutenção de um jogador comum (valor da transferência + salários), a idéia foi tentar descobrir o valor de cada gol pago pelos homens de frente dos clubes da série A do Brasileirão. Um dos que ficou entre os primeiros da relação do “gol mais caro” curiosamente está na rabeira da lista dos mais queridos pela Fiel Torcida.

Souza se credenciava como o artilheiro do Brasileirão 2006 para jogar ao lado de Ronaldo no ataque do Corinthians. Entretanto, viu os planos frustrados pelo esquema com dois pontas pelos lados, Jorge Henrique e Dentinho. Pode mostrar serviço depois da lesão do Fenômeno, mas não conseguiu. Por isso, cada um dos quatro gols dele na última temporada custou R$ 2,31 milhões. A nível de comparação, quando Ronaldo estufava as redes, era quase 12 vezes mais barato (R$ 196 mil), sem falar nos patrocinadores atraídos por uma imagem mundialmente conhecida.

Contudo, parte dos R$ 41 milhões anuais deste novo contrato com a Hypermarcas servirá para cobrir despesas com outros dois atacantes “valiosos”. Por ser armador e não centroavante, não seria justo pedir que De Federico fosse artilheiro do Corinthians chegando no meio de 2009. Mas como chegou a peso de ouro, o gol do argentino terminou avaliado em R$ 3,93 milhões. Investimento pior (até agora) foi o de Edno, pois não marcou nenhuma vez, custando R$ 3,5 milhões só para ir ao Parque São Jorge.

Outro time a desembolsar valores altos por bolas na rede foi o Grêmio. Ainda que o Real seja mais valorizado que o Peso, foi a dupla de ataque vinda da Argentina quem cobrou como se a moeda oficial do gol fosse o Euro. Apesar do alto custo, a diretoria se esforçou para manter Maxi Lopez (R$ 453 mil por gol) com a camisa Tricolor, mas as cifras da Lazio foram tentadoras demais. Já com Herrera (R$ 1,067 milhões por gol), a solução foi emprestá-lo ao Botafogo para se livrar do salário alto.

E quando se trata de investimentos frustrados, nem mesmo o campeão brasileiro se safou para servir de bom exemplo. Após a contratação de Adriano (R$ 76 mil por gol), a nação rubro-negra ficou ainda mais empolgada com a chegada de Denis Marques, acreditando que nasceria ali uma dupla de ataque letal. Só que o centro-avante de trancinhas não repetiu o sucesso que teve no Atlético-PR, tanto no campo quanto nos cofres (R$ 840 mil por gol). A aposta agora é no também cheio de tranças Vagner Love, que alias também custou caro ao Palmeiras (R$ 240 mil por gol).

Mirando-se no mercado dos europeus, é bem verdade que os valores parecem irrisórios. Huntelaar é o exemplo perfeito, para tristeza do Milan, que pagou 15 milhões de Euros por apenas três gols do holandês na temporada. Só que os clubes tupiniquins tem muito menos grana de sobra para admitir baixo rendimento de jogadores caros.

Uma saída poderia ser um investimento nas categorias de base. A outra é simplesmente esperar a boa fase dos artilheiros voltar. Afinal, mesmo que façam apenas um gol, mas que seja definitivo para algum título, não terá preço que pague a felicidade de uma volta olímpica.

Confira aqui a tabela dos gols mais caros de 2009

Alivio por calar o Centenário

15/10/2009 20:43

Antes que leiam, preciso confessar. Essa crônica será um misto da minha opinião como crítico com meu coração de hincha da selección. Seria inocência minha se me contentasse com a vaga na Copa, mas não consigo ser frio a ponto de ignorar a beleza de uma conquista, que não deveria ser tratada como um título, mas acabou sendo tão impactante quanto um.

Bendito seja esta vaga no Mundial com a qual sonhamos.

Bendito seja cada nome que ajudou nesta conquista.

Bendito o peso de fazer história em solo inimigo e o respeito conquistado diante disso.

Malditos sejam as lembranças dolorosas.

Maldita seja a impotência que vivemos.

A possibilidade de voltar para casa cada um por um lado, ficar de fora da Copa, caíndo pelo caminho.

Bendita a anestesia geral as nossas dores.

As tristezas que curamos com abraços.

As gargantas que se romperam com o gol de Bolatti, nos sentindo os melhores por um instante.

Malditos os mesquinhos que jogaram sem poesia.

Os que pegaram, invejaram, bateram e se lamentaram.

Mas bendito mesmo seja o futebol por nos presentear com tal momento

De poder mudar nosso destino e mostrar outra vez, e frente ao mundo que nos agourou

O melhor, o pior e o orgulho de ser argentino!

Uma 'poesia' que não é exatamente minha. Apenas adaptei algumas frases do comercial da Quilmes após a derrota da Argentina para a Alemanha em 2006. Palavras que se encaixam perfeitamente no sentimento de ter triunfado contra nossos rivais charrúas em pleno Centenário. Feito histórico.

Daqui para frente, conscientes de que o técnico será mesmo Maradona, jogadores e comissão técnica precisam aproveitar a tranquilidade da qual ainda não puderam aproveitar. Foi um final feliz, mas um ano de comando para ser esquecido. Desde as convocações até o inexistente padrão de jogo, tudo precisa ser repensado.

Afinal, de nada adiantará uma classificação heróica (ainda que tenha saído de um jogo horrível) se tivermos que chorar a perda do Tri um ano depois.

Em dívida com o hincha

20/08/2009 19:36

Considerando circunstâncias naturais de temperatura e pressão, a notícia deveria ser velha, com uma semana de atraso. Contudo, a associação dos jogadores, cansada de ver seus vários de seus defendidos com dívidas absurdas, resolveu bater o pé e adiar o início do Apertura 2009. Agora, com a situação aparentemente resolvida, o Campeonato Argentino enfim pode voltar para reacender a emoção das apaixonadas hinchadas.

Da para dizer que o futebol nacional estava em dívida para com seu torcedor também por este atraso. Só que, curiosamente, resolveram pagá-la com o dinheiro do próprio fã de futebol. 600 milhões de pesos, para ser mais exato, é o valor desembolsado pelo governo de Cristina Kirchner para comprar os direitos de transmissão das partidas junto à AFA.

Com isso, os clubes tiveram respaldo, e ajuda da própria associação de Julio Grondona, para enfim honrar os compromissos com os jogadores. Contudo, não significa o fim da recessão no mercado argentino. Somando todos as 20 equipes, os gastos atingem pouco mais de 7 milhões de euros, sendo que 90% das negociações se deu em cessões por empréstimo.

Exemplo disso é o Boca Juniors, agora de Alfio Basile. Pela primeira vez em 13 anos, o clube terminou uma temporada em déficit, e sua divida passa dos 100 milhões de pesos. Conformado com essa realidade pouco suscetível a mudanças em curto prazo, eles se reforçaram com jogadores de valor e a maioria é emprestada. Rosada, Gunino, Medel e Insúa, além das voltas de Monzon e Marino.

Essa turma, agora aliada de Riquelme, Palermo e companhia, terá pela frente uma missão dura e incomum para padrões dos Xeneizes: se classificar para a Libertadores 2010. A dificuldade nessa luta é o preço pago pela pífia 14ª colocação conquistada no Clausura 2009. Para se ter uma idéia da dificuldade inicial, o Boca já parte com 8 pontos de deficit em relação ao Racing, último time que se classificaria na pontuação atual.

Todavia, a chegada de Basile, promete dar alma nova ao time, embora o 4-4-2 já seja velho conhecido. Insúa, pela esquerda, traz a criatividade que tanto falta desde a venda de Dátolo ao Nápoli. Medel provou ser um jogador de qualidade e versatilidade, sendo titular na vaga deixada por Vargas (Almeria), ou como reserva de Ibarra. Com Roman prometendo mais empenho, a zaga mantendo a solidez do Clausura, e Palermo fazendo os gol de costume, o Boca deverá voltar a ser um candidato respeitável ao título.

Tal qual o grande rival, o River Plate também busca se garantir na Libertadores mais uma vez. Porém, na contramão dos auriazuis, os Millonários se reforçaram pouco e com jogadores 'veteranos demais'. Ariel Ortega e Matias Almeyda, ambos de 35 anos. El Burrito estava no Independiente Rivadavia, clube da segunda divisão argentina, enquanto Almeyda estava no showbol, há dois anos sem jogar profissionalmente.

E isso não é tudo que aflige o torcedor do time de Nuñez. Radamel Falcão Garcia, goleador colombiano importante em demasia para a equipe, foi vendido ao porto por 3,9 milhões de euros. Some a isso o fato do River ter sido lanterna no Apertura passado, eliminado na primeira fase na Libertadores 2009 e feito uma campanha apenas razoável no Clausura. Ou seja, o resultado lógico são atuações medíocres e uma torcida descrente.

A esperança de gols pesa então sobre os ombros de Fabbiani, que deverá ter Rosales como companheiro de ataque. Na criação, Buonanotte, Gallardo e Villagra seguirão como as valvulas de escape. Na zaga, nem o retrospecto e nem o prognóstico são dos melhores, pois Quiroga, Gerlo, Cabral e Ferrari não vêm inspirando confiança. Mesmo assim, quem sabe Almeyda e Ortega não brilham como em tempos passados, embora a lógica esteja contra?

Quem vem no alto da confiança com a crítica e com a torcida é o Vélez Sarsfield. Os campeões do último clausura conseguiram outra façanha igualmente digna de comemoração na Argentina: mantiveram a base que trouxe a glória para o bairro de Liniers. A única baixa foi o retorno de Larrivey ao Cagliari, mas para seu lugar, foi trazido o decisivo Leandro Caruso e o velho conhecido Rolando Zárate.

Com o elenco intocado, é possível garantir denovo a segurança da zaga com Otamendi e Sebá Dominguez, a combatividade de Somoza, Cubero e Zapata no meio e a rapidez criativa de Papa e Moralez nas pontas. E mesmo com os reforços, a estrela da ofensividade segue sendo o uruguaio Hernan Rodrigo López, autor de 11 gols na campanha do título. Ricardo Gareca tem motivos para sorrir e confiar no bicampeonato.

Na mesma condição de campeão, esse da Libertadores, chega o Estudiantes. Mas os pinchas, diferentemente do Fortín, não conseguiu resistir a temerosa janela. Saíram Andujar, Gaston Fernandez e Galvan, importantes peças na conquista da América. Ao menos a vinda do bom lateral-esquerdo Clemente Rodriguez torna o prejuízo bem menor.

A maneira de jogar com inteligência defensiva comandada por Alejandro Sabella deve se manter sem perder muita qualidade. O maestro Veron e o artilheiro Boselli seguem para orquestrar as vitórias, e Angeleri deve voltar para assegura-las lá atrás. A dúvida fica por conta do foco da equipe no Apertura, já que é inevitável não pensar no Mundial de Clubes em dezembro. Se conseguirem conciliar bem esta situação, os Pinchas também entram de sola na briga pelo caneco.

Outros times de valor também merecem atenção. O Lanus perdeu José Sand, seu grande matador, mas o contratado Santiago Salcedo, aliado a Salvio e Blanco, devem fazer os Granates continuarem entre os melhores na tabela, fato que vem se repetindo desde 2007. Agora mais distante do drama do descenso, o Racing também se estabelece para, pelo menos, voltar à Libertadores. Quanto ao atual vice-campeão, o Huracan se torna uma incógnita por perder Pastore, Nieto, Diaz e, provavelmente, De Federico.

Todos estas são previsões baseadas na análise tática e no rendimento passado dos prováveis favoritos ao título. Só que o Campeonato Argentino traz, como nenhum outro torneio, a imprevisibilidade como fator forte e constante. Ou alguem imaginava que Velez e Huracan tomariam os lugares de protagonistas de Boca e San Lorenzo no começo do ano? É sabido que a emoção até a última rodada é garantida. E nada mais justo com o torcedor, afinal pagaram, literalmente, para ver a bola rolar.

Argentina 9x3 Brasil

19/07/2009 14:00

Acredite se quiser, todavia este é o placar de confrontos entre os dois rivais em finais da Copa Libertadores da América. Uma vantagem totalmente desproporcional ao equilíbrio que se espera de um duelo tão magnífico. Poderá existir então uma razão congruente entre essas 12 decisões? Não sei quanto as outras 10. Discorrerei sobre as 2 mais recentes, das quais de cara já posso relacionar um fator comum: falta de preparo dos brasileiros.

2007: Boca Juniors 3x0 Grêmio; Grêmio 0x2 Boca Juniors

Naquela ocasião, era clara a superioridade do elenco xeneize, embora o Tricolor gaúcho tinha a seu favor uma zaga menos atrapalhada e um técnico mais astuto.

La Bombonera viu os melhores resultados de Riquelme, Palermo e companhia, enquanto longe dela as coisas eram bem mais tenebrosas, salvo o jogo contra o Libertad. Mas o próprio time paraguaio compreendeu algo que, se tivesse sido aplicado pelo Grêmio, poderia ter mudado o destino daquela Copa. Eles entenderam a importância de se defender com inteligência.

Nas laterais, Ibarra e Clemente Rodriguez, e no meio, Roman e, às vezes, Neri Cardozo, eram os responsáveis pela criação das jogadas ofensivas e contra-ataques. E o que fez o time de Assunção? Priorizou a anulação de todos eles. Não foi simples, tanto que o Boca teve diversas oportunidades de marcar o gol da vitória. Porém, o final feliz ficou para o Libertad ao conseguir um empate por 1x1. Verdade que em casa a classificação acabou ficando com os Xeneizes, mas a lição de como jogar em Buenos Aires havia ficado para quem quisesse aprender.

O Grêmio matou essa aula, e pagou o preço. Além de deixar as laterais livres, tinha pouca atenção para com as genialidades de um Riquelme no auge de sua qualidade. E pior, nos lances de bola parada sempre sofriam com a dupla Pa-Pa, chegando a sofrer um gol no primeiro tempo e quase tomar outro na etapa final. Tendo ainda o problema de um Tcheco irreconhecível, a reação não foi possível, o 3x0 foi inevitável, e com ele veio a pressão psicológica no Olímpico que facilitou o hexacampeonato do Boca Juniors.

2009: Estudiantes 0x0 Cruzeiro, Cruzeiro 1x2 Estudiantes

No caso celeste, o problema não foi a partida na Argentina. Muito pelo contrário, pois foram brilhantes contra Veron e Boselli, as principais armas dos Pinchas. Claro que houve certa liberdade para Enzo Perez e La Gata Fernandez, mas os dois sozinhos não eram páreo para a muralha Fábio. O grande vacilo esteve mesmo na partida final.

Desde a chegada de Alejandro Sabella, o Estudiantes se notabilizou por jogadr de forma metódica. Não eram retranqueiros, nem tão pouco eram de fazer um gol solitário e depois se fechar. No entanto, priorizavam sempre a solidez defensiva antes de correr qualquer risco desnecessário. Numa comparação com proporções devidamente guardadas, era como se jogassem como o São Paulo tricampeão brasileiro.

E la se foi a Raposa, embalado por um Mineirão lotado e empolgado com o favoritismo justificado por um elenco forte e em boa fase. Talvez este favoritismo tenha interferido nas mentes dos jogadores, ou talvez a própria alegria em excesso da torcida, isso eu não posso garantir com certeza. O que digo embasado pelo que vi foi uma falta de paciência para manter a posse de bola. Para furar qualquer sistema defensivo forte, é necessário calma e criatividade, e nenhum dos dois estavam com os comandados de Adilson Batista.

E por mais ilógico que soe, tudo se agravou depois do gol vindo do chute de Henrique desviando em Desabato. A zaga ficou entorpecida com o sublime fato de estar na frente e facilitou demais para os Pinchas. No belo cruzamento de Veron, no cruzamento raro de Cellay a la Angeleri, todos os defensores celestes bobearam. Prato cheio para Fernandez. E se Leonardo Silva fazia parecer que o Cruzeiro era imune a jogadas aéreas, Boselli provou o contrário. O resto da história todos viram nesta semana.

O ponto a ser destacado nestas duas decisões é mesmo a falta de preparo adaptada a cada momento. O adversário pode ser o mais temível ou pode estar acuado por não ser favorito. Não importa, pois sempre que um time argentino não for encarado com inteligência, de igual para igual, o resultado tenderá a se repetir. E a goleada continuará a crescer.

Final espontânea

01/07/2009 16:31

Senhoras e senhores, chegamos a última rodada do Clausura 2009. O bom futebol nos fez acompanhá-lo e a emoção nos traz até a um ponto jamais imaginado por ninguém no começo de tudo. Nem mesmo o mestre de todos os adivinhos se ousaria a dizer que Velez x Huracan, neste domingo no Jose Amalfitani, decidiriam o título de forma direta num campeonato de pontos corridos, desbancando os ex-favoritos Boca e San Lorenzo. Mais do que uma 'final', este jogo marca mais um capítulo do duelo eterno entre futebol bonito versus defesa impenetrável.

 

Tanto para os jovens jogadores quanto para os vividos torcedores do Huracan, a possibilidade da volta olímpica é algo magnífico e histórico, pois o 'Globo' não consegue um título nacional desde 1973, o único do clube na era profissional. Naqueles dias, o Campeonato Argentino ainda era chamado de Torneo Metropolitano, com duração de uma temporada inteira, em vez dos semestrais de hoje.

E o elenco daquele time também era diferenciado: contava com Alfio Basile, atual técnico do Boca; o artilheiro Miguel Angel Brindisi, outro dos bons técnicos argentinos na atualidade; Carlos Babington, presidente do clube desde 2007; e para comandar essa turma, ninguém menos que César Luis Menotti, campeão mundial com a Argentina cinco anos depois.

De volta para o presente, pensando no futuro troféu, o técnico Angel Cappa conta com o melhor ataque da competição. Não só pelos 35 gols marcados, mas pela plasticidade e beleza com que cada um deles foi feito. Bolatti e Toranzo no meio-campo com De Federico e Nieto na finalização foi a receita do sucesso com um futebol que encantou a todos. Porém, um outro meia se destacou ainda mais...

Javier "El Flaco" Pastore, cordobes de 20 anos. Um jovem artista com a bola colada aos pés. O artilheiro da equipe com 7 gols. Talvez o maior responsável pelo fato do Huracan ter conquistado a simpatia de todos os apaixonados por futebol. O nome a sustentar o favoritismo da equipe, apesar de só terem conquistado a liderança e a vantagem do empate na rodada passada. É com a força dele e dos outros que o Globo parte para sair da fila de espera para celebrar.

Mas pela frente terão dois adversários poderosos: o Velez e um Jose Amalfitani lotado, apesar do estado de emergência decretado pela prefeitura de Buenos Aires por conta da Gripe A. O 'Fortín' está invicto em seus domínios, pois sempre contou lá atrás com a firmeza do goleiro Montoya, dos zagueiros Sebá Dominguez (ex-Corinthians) e Otamendi (convocado para a seleção de Maradona), e dos laterais Cubero, Papa (outro convocado), Walter Ponce e Gaston Diaz, que ora jogavam atrás, ora no meio. Ao todo, foram apenas 13 gols sofridos.

No entanto, se engana quem pensa que o Velez Sarsfield não sabe mandar a bola para as redes. O time do bairro de Liniers também possuem sua jovem promessa, o 'Enano' Maxi Moralez, campeão mundial sub-20 em 2007. E na linha de frente, o uruguaio vice-artilheiro da competição com 11 gols, Hernan Rodrigo Lopez, fazendo dupla com o bom cabeceador Cristaldo. A equipe de Ricardo Gareca se defende bem, mas está longe de ser retranqueira.

Assim como o Huracan, o Fortin também encontra forças em sua história para desejar esta conquista no domingo. No próximo ano será o do centenário do clube, e existe maneira melhor de celebrar esta data querida do que disputando uma Copa Libertadores da América?

Competição aliás já vencida em 94, na inesquecível equipe do goleiro-artilheiro Chilavert, do genial armador Basualdo e do treinador Carlos Bianchi, que ainda detem a marca de maior goleador de todos os tempos vestindo a camisa Fortinera. Um elenco forte ao ponto de conseguir derrotar o poderoso Milan na final do Intercontinental de Clubes, título esse que se transformou na estrela dourada a brilhar sobre o escudo na camisa.

Mesmo que botem na balança todas estas vantagens dos dois esquadrões, seria impensável eleger um favorito. O melhor nesta situação seria dizer que ambas são as favoritas do fã de futebol por terem levado o Clausura 2009 a esse desfecho de cinema. Sem esquecer, claro, de agradecer o calendário por ter juntado Huracan e Velez Sarsfield no melhor momento possível.

Classificação

O inacreditável que tudo muda

15/06/2009 00:18

Uma zebra. Uma goleada. É suficiente para transformar um favorito em azarão em apenas 90 minutos. Coisa que só acontece num campeonato equilibrado, tal como é o Clausura 2009. Continuamos com os mesmos tres times na busca pelo título. A mesma diferença de um ponto que os intercala. Porém agora, o líder veste azul e branco, enquanto os grenás coçam suas cabeças tentando entender como caíram para a 3ª colocação.

Antes do jogo de sábado, o Lanus já tinha enfrentado o lanterna como líder. Foi incrívelmente vencido por 3x0 pelo Argentinos Juniors em La Paternal. Mas se esperava que seria a última vez, pois o Arsenal empolgava até menos seus torcedores.

No entanto, aquela tarde/noite de sábado era diferente. Com nada a defender, exceto a própria dignidade, o time de Sarandi se lançou ao ataque. Resultado: aos 7, gol do volante Pellerano; aos 17, Sérgio Sena; e Pellerano, outra vez, marcou no 24ª minuto da etapa inicial. Desde o revés de 3x0 contra o Estudiantes que o Lanus não se sentia tão acuado. Zubeldia não pode colocar em prática sua estratégia de correr atrás do gol para depois se defender, teve que correr atrás do prejuízo.

Velazquez conseguiu diminuir a diferença dois minutos depois, mas o abatimento era visivel. E naquele momento, eram os anfitriões os preocupados com sua própria segurança defensiva. Blanco, Valeri (Lagos), Salvio e Sand não foram capazes de reverter o resultado, que só piorou no final do jogo com o gol de Benedetto. Um 4x1 trágico, mas que ao mesmo tempo trouxe alegria para outros que jogavam na mesma hora...

O Velez Sarsfield também enfrentava um adversário desinteressado com o Clausura, mas com qualidade indiscutivelmente maior: o Newell's Old Boys. Mas diferente dos rivais na busca pela volta olímpica, o Fortín não esqueceu de sua forma vitoriosa de jogar futebol que o trouxe até o topo.

Foi sólido na defesa, mesmo com Otamendi cansado e abatido pelos jogos com a seleção argentina. E no ataque, Hernan Rodrigo Lopez se encarregava de fuzilar o goleiro Peratta com seu faro de gol usual. E dessa vez ele contava com o Enano Moralez, que enfim brilhou após voltar de lesão. 2x0 e sorrisos a toa para o time de Ricardo Gareca. Eles só precisam bater os rivais Lanus e Huracan para se sagrar campeões.

Até parece simples, mas no domingo o Huracan tratou de lembrar ao Velez da dificuldade de se bater los Quemeros. Mesmo quando não jogam com a beleza habitual.

As palavras de Angel Cappa foram precisas: o Globo não jogou nem 30% do que sabe. Com certeza Pastore, Bolatti e De Federico ficaram devendo um bocado quando se lembra das melhores atuações deles nesse torneio. O San Lorenzo bem que merecia melhor sorte, é verdade. Mas num clássico, ainda mais quando se briga por um título, 1x0 é goleada. E Goltz, autor do gol, realmente comemorou como se o gol fosse numa Copa do Mundo.

O Huracan, com esta vitória, tem a grande chance se tornar líder na rodada final. Basta vencer o Arsenal e contar com o empate de Lanus e Velez. Acho que já vi esse filme, e é melhor que os pibes de Angel Cappa tenham visto também, caso não queiram cair na mesma armadilha que os Granates...

Quanto a briga para não cair. Essa está tomando a forma esperada por todos. Racing x Central fugindo da promoção, Gimnasia La Plata x San Martin para chegar nela. No entanto, aqui os favoritos estão mais confortáveis. Bem mais...

O Racing bateu o combalido Boca Juniors por 3x0. Não fizeram um grande primeiro tempo, mas por perceberem o desinteresse dos rivais no clássico, partiram pra cima na etapa final com um belo futebol. Daí, os gols vieram com a mesma naturalidade que a hinchada xeneize já aceita as corriqueiras expulsões de Battaglia (sim, ele foi expulso denovo). Só mais uma vitória basta para La Academia se safar completamente, para desespero Canalla.

A grande expectativa fica agora para a possibilidade de uma final espontanea. Velez x Huracan na rodada derradeira. Só que o Lanús não desistiu ainda, joga sem Blanco mas joga em casa. A emoção prometida está sendo entregue com sobras.

La vida despues del 1x6

05/04/2009 22:54

Sai a tempestade das eliminatórias, entra a "calmaria" do Clausura 2009 outra vez. Um tempo de folga que pode ser bom pra alguns se reerguerem, mas por outro lado pode cortar a boa fase de outros. Fato que não ocorreu com o Lanus, ainda líder do torneio.

Mas antes de dar destaque a vida boa dos Granates, um fato curioso: 5 dos 10 jogos na rodada terminaram em 1x1. Alguns merecidos, outros não, porém todos conseguiram desagradar os times envolvidos e necessitados de vitórias.

O primeiro 1x1 foi justamente o jogo de abertura da 8ª fecha. Esse por conta de Arsenal e San Lorenzo, dois times que discretamente ocupam o meio da tabela com 10 pontos cada. Essa partida era a chance do Ciclon mostrar denovo a força de seu elenco e acalmar sua torcida, mas acabou indo pro México agradecendo aos deuses do futebol pelo empate no último minuto depois de resistir a 11 chances de gol dos de Sarandi.

Ainda na sexta o Colon venceu o Huracan no Parque de los Patricios pelo placar mínimo. Com mais esse triunfo, o surpreendente rubronegro de Santa Fé pode ser líder, mas por apenas 2 dias.

Já o sábado foi dia de um dos clássicos da rodada, sendo esse o mais esperado entre Racing x River. Mas o que não se esperava era a atuação memorável da Academia. 1x0 acabou sendo lucro pro River diante das várias chances que tiveram Luguercio (autor do gol) e companhia. O prejuízo ficou então pros torcedores, que esperavam uma grande atuação de Fabbiani como titular.

Grande atuação essa que ficou por conta do Enano Moralez na vitória de 2x1 do Velez sobre o Banfield em Liniers. A apenas 2 pontos de distância do topo, os dirigidos de Gareca estão fazendo bonito e justificando a pinta de favoritos que ostentavam por terem se reforçado tão bem no início da temporada.

E claro, o resultado preferido do fim de semana não podia faltar. Newell's 1x1 Argentinos Juniors e Gimnasia Jujuy 1x1 Tigre. Como punição por terem seguido essa "modinha", todos os 4 estão na parte de baixo da tabela.

Mas no domingo o 1x1 tomou formas mais dramáticas...

Era o resultado que o Gimnasia menos queria, pois além de estar brigando contra o rebaixamento queria vencer o tabu de anos sem vencer o rival Estudiantes. Tinha como ajuda o fato de que Veron e Angeleri, dois dos melhores jogadores dos pinchas, vinham cansados por defender a seleção na Bolívia.

Pois a vitória do Lobo começou a tomar forma no golaço de Cuevas aos 26 da primeira etapa. O Estudiantes parecia mesmo que não iria reagir, estava muito nervoso. Tanto que a 19 minutos do fim perdeu Benitez numa expulsão infantil. Mas a chama da rivalidade foi mais forte que a apatia do time do DT Sabella, e no sexto minuto de acrescimo, Sanchez Prette empatou. Tristeza para o Gimnasia, que se ve ainda mais ameaçado na tabela do descenso graças as vitórias de Racing e Rosario Central (1x0 contra o San Martin).

Quanto ao 1x1 na Bombonera, não teve a mesma carga emocional do clásico platense, mas foi tão indesejado quanto. Indesejado e altamente injusto.

Pelos desfalques de Cáceres, Morel e Vargas, o Boca perdia boa parte de seu poder defensivo. E com o retorno do Pochi Chavez aos gramados, os comandados de Ischia tinham 3 enganches para servir Palermo e Figueroa na frente. O resultado disso só podia ser um jogo equilibrado, ainda que jogassem contra o fraco ataque do Godoy Cruz.

Fraco no papel, pois no primeiro tempo foram os mendocinos que tiveram as melhores chances. No entanto a sorte sorria para os xeneizes, que após bela tabela de Gaitan e Palermo abriram o placar no chute do jovem meia. Veio o segundo tempo, e com ele uma virada na situação. Nessa etapa foi Figueroa quem amaldiçoou o próprio azar ao perder um gol feito e ver os adversários empatarem com Caruso logo em seguida. Ainda que Pato Abbondanzieri e Ibanez tenham sido testados a todo momento, o 5º 1x1 se concretizou, de maneira que o Godoy Cruz segue sem perder para os auriazuis na temporada.

E por último, o jogo do líder inalcançável. Esse longe de ser 1x1, mas sim próximo do fatídico 6x1 que agora faz tremer o imaginário de todos os hinchas argentinos.

Lanus x Independiente era um jogo antes marcado pela volta do Tolo Gallego ao comando do seu amado Independiente, mas ficará na história como o dia em que Jose Sand atropelou os Rojos em La Fortaleza. Primeiro vieram os gols de Valeri e Mancuello, que no momento formavam o 1x1 da moda. Foi ai que brilhou o artilheiro ex-River com 4 gols, o primeiro deles numa cobrança rápida de tiro livre que enfureçeu os Rojos que ainda formavam a barreira.

E assim é a vida após uma tragédia. Uma rodada que começa sob o peso de uma goleada e termina com as polêmicas de outra., mas se acostumando a ver o Lanus na ponta.

Classificação

Comentários

Bolívia 6x1 Argentina

01/04/2009 19:31

Eu sempre agradecia pelo fato de não ser vivo em 58 pra ter visto o 6x1 pra Tchecoslováquia. Também me considerava sortudo por ainda não ter cabeça feita em 93 pra sofrer pelo baile colombiano 5x0 em Nuñez. Mas meu dia de ver o desastre ao vivo chegou hoje. Não que a Argentina fosse favorita em La Paz, longe disso. Porém a disparidade técnica entre as duas seleções não permitia imaginar esse momento nem mesmo ao sonhador boliviano mais fervoroso, apesar do resultado ter sido justo.

Tanto que nos primeiros minutos a pressão boliviana já se fazia presente. Chutes de longa distância, sim, porém desafiadores ao arqueiro Carrizo, que naquele momento fez coçar a cabeça do técnico da Lazio por não utilizá-lo de titular. Eis que a zaga argentina, até então invicta, relembrou os tempos em que era comandada pelo Coco Basile com suas falhas de saída de bola e de marcação. Prato cheio para um artilheiro como Marcelo Moreno: 1x0 Bolívia.

As respostas ofensivas da albiceleste após o gol ilusionaram sobre uma possível reação, sendo que a ilusão ficou ainda mais forte após o gol de Lucho González no frango do goleirão Arias. Mas por apostar demasiadamente na velocidade numa cidade altamente inapropriada para tal, o time inteiro cansou até parar. Foi nesse momento que Carrizo retribuiu o favor/frango de seu colega boliviano, e na continuação da jogada, um irreconhecível Zanetti erra no domínio da bola e ao tentar recuperá-la faz penalti. Nos pés de Botero começava o pesadelo: 2x1.

Outra vez os bolivianos tiveram sinal verde para impor seu ritmo de jogo e marcação. Ainda no primeiro tempo o brasileiro Da Rosa marca mais um num fulminante contra-ataque. Dessa vez a culpa recai sobre a complacência de Papa e Heinze. E se havia a esperança de virada, talvez confiando no talento de Messi e Tevez, duas coisas foram determinantes para a desilusão total: o 4° gol boliviano, 2° de Botero na partida; e o fato de que os atacantes argentinos pouco viram a cor da bola no segundo tempo.

Dali em diante foi questão de aceitar o olé dos hinchas locais e observar a história sendo escrita na capital aonde os aviões sobem para aterrissar. Di Maria expulso depois de 7 minutos em campo. O 3° gol de Botero diante de destroços aonde deveria estar a defesa argentina. Outra falha de Carrizo no tento de Torrico. Tudo acontecendo numa naturalidade assombrosa. Diante disso, o apito final de Martin Vasquez carregava um misto de alivio e revolta a 35 milhões de hinchas já tristes pela morte recente do saudoso ex-presidente Raul Alfonsin.

Antes de mais nada parabens aos anfitriões. 6x1 nenhum se obtem sem méritos, especialmente esse em que os bolivianos foram genialmente eficazes. Foram tão intensos quanto os equatorianos contra o Brasil, com a diferença decisiva de contarem com um ataque de dois artilheiros, um deles (Botero) o líder de gols no torneio.

Mas fica impossível de qualquer argentino aceitar o que viu. Os mesmos erros de zaga da gestão anterior se somando aos erros não-corrigidos da era Maradona. Diante do primeiro desafio real é que ficou flagrante o vazio de criação que enfrenta o meio-campo da Argentina, afinal não a toa Messi foi discreto, não recebia as bolas de forma adequada a altitude. E falando nela, até influiu no resultado sim, mas não de forma que isente a albiceleste. Foram punidos por acharem que o mesmo estilo de jogo feito ao nível do mar contra a fraca Venezuela poderia servir.

Apesar do imenso pesar, um pouco de esperança nasce das cinzas. Se antes as vitórias maquiavam os erros, agora eles nunca foram tão claros para que, enfim, sejam consertados. Resta saber se Dieguito terá a mesma visão pra isso que tinha na época de jogador, quando também foi responsável por apagar o fogo pós-Colombia. Até lá, que todos se acostumem, pois apesar do 1° de abril, o que vimos hoje foi a pura realidade.

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A marca de um herói

28/03/2009 22:34

E o Monumental de Nuñez explodiu como Dieguito pedia ao longo da semana. Enfim pudemos ver a seleção albiceleste arrancando gritos de olé da sua hinchada. A tranquilidade reinou absoluta na goleada de 4x0 da Argentina sobre uma Venezuela que segue sem sentir nem mesmo o gosto de um empate nesse confronto.

Mas percebam bem, eu disse tranquilidade, não genialidade. Messi foi brilhante hoje, é importante salientar essa verdade. Porém mais importante ainda é esclarecer que a Argentina não encanta. Não pode ainda sustentar o posto de favorita ao tri, mesmo que já esteja andando nos eixos em certos aspectos aonde falhava o time de Basile.

Do apito inicial ao final se viu uma equipe segura. Tocava a bola como se o placar já tivesse iniciado nos 4x0. O que de certa forma foi uma pena já que a solidez da zaga Zanetti-Angeleri-Heinze não pode ser testada ao máximo, mas nos momentos em que a Venezuela ameaçava se soltar, lá estavam eles pra cortar as asinhas da viñotinto, contando ainda com ajuda de Mascherano e Gago. Como essa força defensiva ja foi vista inclusive contra a França, já se pode contabilizar um ponto a favor do time de Maradona contra o do Coco Basile.

No setor de meio-campo as mesmas 4 peças vistas na última vitória. Ou seja, o mesmo lapso de criatividade. Não me entendam mal, El Jefecito, Gago, Maxi e Gutierrez são jogadores dignos de seleção sim. Mas ao passe que se ganha poder de marcação se perde as jogadas pelo centro que Roman fazia tão bem. Então a Argentina sentiu falta do seu 10 antigo? Não mesmo...

De certa forma a saída de Riquelme trouxe bons frutos, pois hoje dependemos de um craque muito mais constante: Lionel Messi. O melhor jogador argentino da atualidade faz com que todas as possíveis criticas ao resto da seleção se tornem insípidas. Afinal, se ninguém pode pará-lo, porque não contar sempre com ele? Com ele e com Tevez, que participou de forma determinante no gol da Pulga aos 26 do primeiro tempo.

As atenções estavam voltadas pra Maradona sim, mas Messi roubou um pouquinho dos holofotes com justiça. E destaco dois outros momentos desse gênio: o passe pro quase gol do Aguero no fim da primeira etapa e o gol no inicio da segunda, que pela grande jogada poderia ser creditado a ele, mas o ultimo toque foi do Apache. Enfim Carlitos marca nas eliminatórias ao invés de ser expulso.

Aliás o trio ofensivo também foi interessante de se acompanhar. Sempre se movimentando e, pelo fato de não ter uma figura de criação central, sempre criando as próprias jogadas ofensivas.

Mas afinal o adversário também não merece destaque? Complicado exaltar a Venezuela se só levou perigo a Carrizo em dois chutes, sendo que em um deles nasceu a jogada do 3°gol. Maxi Rodriguez puxou a jogada e recebeu de Aguero para botar seu nome nessa vitória sonora. E pra compensar um primeiro tempo apagado, o genro do Diez balançou as redes depois de bela jogada individual dele mesmo. Com tudo resolvido, os visitantes ainda puderam ter mais volume de jogo pra tentar um gol de honra, mas foi inútil. Nem parecia o mesmo time que era tão elogiado por sua evolução nos últimos anos.

Ver o Monumental feliz outra vez, o principal fato a favor de Maradona. Ainda há o que se corrigir, principalmente considerando que em La Paz a velocidade de Messi e Tevez não poderá ser uma arma por muito tempo. Só que motivação não falta mais, basta lembrar do olé gritado hoje pelos hinchas. E bem disse a faixa estendida nas arquibancadas: "Maradona + 11".

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Introdução ao Clausura 09

23/03/2009 20:31

Tal qual uma aula acadêmica, o Clausura atual tem nos ensinado muito. E as lições, quer sejam lógicas ou não, são básicamente sobre o comportamento dos 20 times de elite e da própria tabela de classificação. Algumas já conhecidas de semestres passados, outras inéditas.

Quer ganhar de goleada? Troque de técnico...

Já havia sido assim nos dois primeiros jogos de Mostaza Merlo no comando do Central. O mesmo ocorreu com Sabella, ainda que seu Estudiantes tenha aplicado a chinelada na Libertadores. Só que agora bastou o simples anúncio de antemão feito pelo Pepe Santoro pra que o Independiente reagisse de maneira positiva.

4x1 em cima do Newell's Old Boys. Verdade que a goleada foi em cima de um adversário que desce a ladeira cada vez mais. Mas pro irregular Independiente, é motivo de sobra pra sorrir até o fim de semana que vem. E já que era uma queda por demais esperada, ao menos Santoro pode sair fechando os portões do estádio do Huracan com chaves douradas. O favorito pra assumir seu cargo é Américo Gallego, campeão mundial de 78 e responsável pela última volta olímpica nacional protagonizada pelos Rojos.

O Argentinos Juniors ainda sente falta do Pipo Gorosito

Se no River ele ainda não causou uma boa impressão definitiva, em La Paternal choram copiosamente sua perda até hoje. A base do time que surpreendeu a América ao chegar nas semis da Copa Sudamericana 2008 amarga hoje a tristeza de sequer ter vencido no torneo atual. E o adversário dos comandados de Claudio Vivas era igualmente modesto: o Gimnasia Jujuy.

Mas nem em casa teve jeito. Perderam por 1x0 e são os envergonhados donos da lanterna. Ainda que o DT aprendiz de Bielsa argumente que seu time não venceu graças ao goleiro da equipe de Jujuy, os resultados só fazem com que sua torcida fique contra sua permanência. Hauche e Pavlovich não podem ter esquecido como se faz gols. E se caso esqueceram, melhor que lembrem bem rápido.

Boca - 10 (Riquelme) - 3 (Morel) = 0 gols

Os xeneizes compartilhavam da mesma dor do Argentinos Juniors, e de quebra podiam acrescentar o calor e o fato de estarem jogando em Victoria para justificar um empate que quase virou triunfo. Mas só fizeram tanta pressão por causa da postura excessivamente defensiva do Tigre. Faltou aquela pitada de criatividade na hora do passe final para que Figueroa e Palermo (sim, a dupla de ataque mais lenta a disposição de Carlos Ischia) pudessem vazar o experiente Islas.

Dizer que o Boca Juniors sente falta de Roman e Morel Rodriguez seria lição velha. Mas podemos adaptá-la para os jogos "contemporâneos). O Boca sente falta do apoio do lateral paraguaio no ataque, já que o Krupo ainda não se achou nessa função, e do bom futebol do 10 renegado por Maradona, já que em apenas 3 atuações no ano podemos dizer sem medo que ele foi El Diez de la Gente.

River + Nuñez = Vitória heróica

Dessa vez não teve o mesmo brilho do jogo contra o Arsenal devido ao adversário se tratar do San Martin de Tucuman. Mas 3 pontos são 3 pontos. E quer acreditem no futebol do River ou não, eles são vice-líderes a apenas 1 ponto de distância do Lanus.

Barbosa falhou (denovo) no primeiro minuto, nem de longe lembra o goleiro que se viu na época de Villarreal. Gallardo voltou a jogar bem, mas foi suplente, de maneira que até o momento de sua entrada, o River não encantou. A diferença que ele fez foi tão absurda, que o vaiado Cabral marcou após assistência dele 4 minutos depois que El Muñeco entrou. E os minutos finais, velhos companheiros, salvaram os millonários após penalidade convertida por Falcão Garcia.

O San Lorenzo é time de pavio curto.

Um aprendizado que já começou pra quem viu o triangular final do Apertura passado, quando o desequilibrio emocional do Ciclon o tirou da disputa de um título altamente possível. E se a lição é de 2008, significa que o time de Almagro já devia ter resolvido o problema há tempos.

Os resultados das expulsões impensadas refletiram em vários jogos dessa temporada, chegando ontem ao seu cúmulo do ridículo. Santana, Botinelli (denovo) e Bergessio viram o vermelho. 3 expulsões, 3 gols do Colon, que divide a vice-liderança com o River Plate. Podem pensar que estou dizendo isso como torcedor de coração partido, mas isso é prova de que Miguel Russo não sabe controlar suas equipes emocionalmente. Pois problema com qualidade do elenco ele definitivamente não tem.

E por fim uma lição que todos aqueles despidos de preconceito com o Campeonato Argentino já conhecem: O equilíbrio na tabela é a lei.

Depois da derrota diante do Huracan, o Lanus tem apenas 6 pontos de vantagem pro 12° colocado Arsenal. Com certeza esse cenário não sera visto em meados de abril, mas como temos a folga devido as eliminatórias, essa é uma classificação que vai marcar e deixar na saudade todos os hinchas argentinos

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